Brincando com segurança: como prevenir, identificar e tratar lesões na infância
A infância é uma fase cheia de aventuras e descobertas, onde cada brincadeira pode se transformar em uma grande jornada de exploração. No entanto, também é um período em que as crianças estão mais vulneráveis a acidentes, resultando em lesões que podem variar de pequenas contusões a fraturas mais sérias.
Saber como prevenir, identificar e tratar essas lesões é essencial para garantir que os pequenos continuem se divertindo de maneira segura.
Lesões comuns na infância
Entre as lesões mais frequentes na infância estão as fraturas, entorses, contusões e cortes. As causas dessas lesões podem ser muitas: quedas durante brincadeiras, acidentes esportivos ou mesmo atividades cotidianas. Vejamos algumas das lesões mais comuns e como elas podem ocorrer:
- Fraturas: as fraturas são uma das lesões potencialmente mais graves que podem ocorrer durante a infância. Elas são geralmente resultados de quedas ou impactos mais fortes, como tropeçar e cair de uma bicicleta ou escorregar no playground. A fratura de “galho verde” é comum em crianças, pois seus ossos são mais flexíveis e podem trincar ou até mesmo entortar sem quebrar completamente.
- Entorses: ocorrem quando um ligamento é estirado ou lesado, relativamente comum nos tornozelos ou pulsos. Brincadeiras mais intensas, como corridas, pulos ou esportes, aumentam o risco de entorses.
- Contusões: as contusões são o resultado de impactos diretos que causam lesões nos tecidos internos sem quebrar a pele. Elas podem ocorrer durante quedas ou colisões.
- Cortes e Lacerações: brincadeiras próximas de objetos ou lugares perigosos podem resultar em cortes na pele, que exigem muitas vezes pontos ou cuidados mais específicos.
Causas típicas de lesões
As lesões na infância podem ocorrer em diferentes situações, mas há alguns cenários onde o risco é maior. Brincadeiras ao ar livre, como correr, subir em árvores, andar de bicicleta ou skate, são ambientes propícios para quedas e fraturas.
Nos esportes infantis, como futebol ou basquete, os movimentos bruscos e o contato físico podem levar a entorses e contusões. Já no ambiente doméstico, quedas podem ocorrer por falta de supervisão ou por ambientes inseguros, como escadas desprotegidas e móveis com quinas.
Como prevenir lesões
A prevenção é sempre a melhor abordagem quando falamos em segurança – ainda mais se tratando de crianças. Aqui estão algumas dicas práticas para minimizar o risco de acidentes:
- Supervisão adequada: é fundamental que as crianças sejam supervisionadas, especialmente durante brincadeiras ao ar livre ou atividades esportivas. Mesmo que pareçam autossuficientes, acidentes podem acontecer em frações de segundos, mesmo com crianças que já tem um certo grau de aptidão naquela atividade.
- Equipamentos de proteção: durante atividades esportivas ou ao andar de bicicleta, skate e patins, as crianças devem usar capacetes, joelheiras, cotoveleiras e outros equipamentos de segurança. Esses acessórios podem reduzir significativamente o risco de lesões graves.
- Ambiente seguro: em casa, garanta que as áreas onde as crianças brincam sejam seguras, com quinas de móveis protegidas, escadas com portões de segurança e superfícies antiderrapantes no banheiro.
- Educação sobre segurança: ensine as crianças sobre os riscos de determinadas atividades e a importância de seguir regras, como não correr em superfícies molhadas ou prestar atenção ao atravessar a rua.
O impacto das fraturas no crescimento ósseo
Uma fratura na infância pode ter um impacto significativo no crescimento e desenvolvimento da criança. Como os ossos das crianças estão em constante crescimento, uma fratura mal tratada pode afetar as placas de crescimento, resultando em deformidades ou no crescimento desigual dos membros. Por isso, é crucial que qualquer suspeita de fratura seja avaliada por um ortopedista, que poderá recomendar o tratamento adequado e monitorar o desenvolvimento ósseo ao longo do tempo.
Boa parte das fraturas exigem apenas imobilização, enquanto outras, como as que envolvem a articulação ou placas de crescimento, podem requerer intervenção cirúrgica para garantir que o osso se recupere de forma correta. O acompanhamento médico após a consolidação do osso também é necessário para garantir que o crescimento da criança não seja prejudicado.
Tratamento e recuperação
O tratamento de lesões em crianças deve ser realizado de forma cuidadosa e individualizada. Para fraturas, a imobilização é uma das abordagens mais comuns, podendo ser feita com gesso ou talas ou mesmo uso de órteses. Em casos mais complexos, onde há desalinhamento dos ossos, pode ser necessário realizar uma redução (reposicionamento, o famoso “colocar no lugar”) do osso, com ou sem cirurgia.
Após a imobilização, é importante que a criança retome suas atividades físicas controlada, respeitando o tempo necessário para a recuperação completa do osso. Fisioterapia pode ser indicada em casos de fraturas mais graves ou para crianças maiores que necessitam de auxílio para recuperar o movimento e a força muscular. Boa parte das crianças não precisa de fisioterapia depois de tratamento de fraturas.
Como sabemos, garantir a segurança das crianças durante as brincadeiras e atividades físicas é um desafio, mas com a devida supervisão e o uso de equipamentos adequados, é possível minimizar os riscos de lesões graves.
E caso uma lesão ocorra, buscar orientação médica especializada é essencial para garantir que o tratamento seja adequado, e que o desenvolvimento da criança não seja comprometido. Afinal, brincar com segurança é a chave para uma infância saudável e cheia de boas lembranças!
Dr. Rodrigo Paixão – CRM 161746 | TEOT 15.322 | RQE 79113
Referência: Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica. Acesso em 11/09/2024 – Disponível em: https://www.sbop.org.br/noticia/11/orientacao
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