
Sabia que treinar um lado do corpo pode ajudar o outro?
Descubra os benefícios da educação cruzada na ortopedia
A recuperação de lesões ortopédicas pode ser um processo desafiador, especialmente quando um membro precisa ser imobilizado devido a fraturas, cirurgias ou outros traumas. Durante esse período, a perda de força e mobilidade no membro imobilizado é comum, e a reabilitação pode ser demorada.
No entanto, um conceito tem mostrado ser eficaz nesse cenário: a educação cruzada. Embora pareça contra-intuitivo, o treinamento de um lado do corpo pode ter um impacto positivo no outro.
Isso é particularmente útil quando um dos membros está imobilizado devido a lesões ou cirurgias, oferecendo uma forma eficaz de manter a força e a mobilidade enquanto o outro lado se recupera.
Neste artigo, vamos explorar o que é a educação cruzada, seus benefícios para pacientes ortopédicos e como ela pode ser aplicada na prática clínica para otimizar a recuperação.
O que é Educação Cruzada?
A educação cruzada ocorre quando o treinamento de um lado do corpo leva a melhorias no desempenho do lado oposto. Ou seja, ao treinar, por exemplo, o braço esquerdo enquanto o direito está imobilizado, há menos perda de força do braço direito do que ocorreria se não se treinasse.
Esse efeito pode ocorrer devido a estímulos neurais no cérebro, que acabam beneficiando o lado não treinado. Esse conceito tem sido estudado em diversos contextos, mas é particularmente valioso na ortopedia, onde lesões e cirurgias muitas vezes resultam na imobilização de um membro.
Benefícios da Educação Cruzada para Pacientes Ortopédicos
A educação cruzada pode ser extremamente útil para pacientes ortopédicos, especialmente em situações onde a imobilização de um membro é necessária. Entre os principais benefícios, destacam-se:
- Prevenção da Perda Muscular
Após uma lesão ortopédica – seja cirúrgica ou que seja necessário imobilizar, é esperado que haja perda de massa muscular. A educação cruzada ajuda a minimizar essa perda no lado não treinado, o que pode acelerar a recuperação.
- Reabilitação Pós-Cirúrgica
Para pacientes que passaram por cirurgias ortopédicas, como artroplastias de quadril ou joelho, a educação cruzada pode acelerar a recuperação do lado não operado, contribuindo para uma reabilitação mais eficiente.
- Recuperação de Fraturas e Lesões Ligamentares
Fraturas e lesões ligamentares muitas vezes exigem imobilização, o que dificulta a recuperação muscular. A prática de exercícios no lado não imobilizado ajuda a manter o nível de força e resistência durante o processo de cura.
Como Aplicar a Educação Cruzada na Reabilitação Ortopédica?
Os profissionais de saúde, como fisioterapeutas e ortopedistas, podem integrar a educação cruzada em planos de reabilitação para otimizar os resultados dos pacientes. Aqui estão algumas formas práticas de aplicar a técnica:
- Exercícios de Resistência Unilateral
Ao realizar exercícios de resistência, como levantamento de peso ou treino com halteres, pode-se focar no lado não afetado. Estudos mostram que o treinamento excêntrico (onde o músculo se alonga enquanto exerce força, como no movimento de abaixar um haltere) oferece os melhores resultados de transferência de força.
- Exercícios de Alongamento e Mobilidade
Movimentos que envolvem alongamento controlado também podem ser eficazes. Eles ajudam a manter a flexibilidade e a mobilidade do membro não imobilizado, o que contribui para um processo de reabilitação mais completo.
- Combinação com Fisioterapia Tradicional
A educação cruzada não deve substituir a fisioterapia convencional, mas sim complementá-la. Exercícios direcionados ao membro não imobilizado podem ser combinados com a fisioterapia para acelerar a recuperação geral.
Importância do Acompanhamento Profissional
Embora a educação cruzada seja uma técnica eficaz, é essencial que seja realizada sob orientação de um profissional de saúde. O acompanhamento é necessário para evitar sobrecarga, desequilíbrios musculares ou lesões adicionais.
A individualização do tratamento, considerando as necessidades específicas de cada paciente, é fundamental para garantir a melhor recuperação possível.
Referências Bibliográficas:
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