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Dr Rodrigo Paixão

SaúdePolidactilia: quando os dedos extras afetam a funcionalidade

Polidactilia: quando os dedos extras afetam a funcionalidade

A polidactilia é uma condição congênita relativamente comum, caracterizada pelo aparecimento no nascimento com dedos extras nas mãos e/ou nos pés. Embora seja muitas vezes vista como um problema estético, a presença de dedos a mais pode afetar a funcionalidade das mãos, dependendo de sua localização e do grau de desenvolvimento ou até mesmo indicar que há problemas mais sérios.

Este texto explora como esses dedos extras podem comprometer a função manual e como a cirurgia pode ajudar na maioria dos casos.

Localização e impacto funcional

Os dedos extras podem surgir em três posições principais: radial, central ou ulnar. A polidactilia ulnar é a mais frequente e o dedo extra está ao lado do dedo mínimo (o mindinho). Já a radial – cujo dedo está ao lado do polegar, é um pouco menos frequente e a mais rara é a central – em que além de dedo(s) a mais , entre os dedos centrais da mão, há alterações mais profundas da mão. 

Quando o dedo extra surge no lado do polegar, ele pode prejudicar o movimento de pinça — essencial para atividades como segurar objetos pequenos ou escrever – pode estará associadas a outras alterações e geralmente é unilateral (somente um lá das mãos) e sem relação com histórico da família. Já no caso de dedos extras centrais, a sobrecarga nas articulações do meio da mão pode limitar a força e a flexibilidade, afetando tarefas que envolvem movimentos de preensão, como carregar sacolas ou segurar ferramentas.

A polidactilia ulnar, por outro lado, tende a afetar menos a função global da mão, especialmente se o dedo extra for rudimentar. No entanto, em casos onde o dedo extra é mais desenvolvido, pode haver um impacto na força de agarre. Geralmente tem um fator familiar bem presente e pode acontecer os dois lados. 

Polidactilia funcional x rudimentar

Outra forma de dividirmos a polidactilia: a funcional e a rudimentar. Na polidactilia funcional, o dedo extra é completamente formado, com osso, articulação e músculos que permitem algum nível de movimento. Esse tipo de dedo extra pode causar uma interferência maior na função manual, já que sua presença altera a biomecânica natural da mão.

Por outro lado, a polidactilia rudimentar é caracterizada por dedos que são apenas parcialmente formados, compostos por pele, tecido mole e, em alguns casos, um pouco de osso, mas sem articulações ou musculatura funcional. Esses dedos tendem a ser menos funcionais e, geralmente, não interferem tanto nas atividades diárias, mas ainda podem causar desconforto ou problemas estéticos.

Cirurgia como solução

A cirurgia para remover o dedo extra é, geralmente, a solução recomendada, por permitir um desenvolvimento e convívio social menos traumáticos e com maior sucesso. De qualquer forma,  a decisão de operar depende de vários fatores, como o grau de desenvolvimento do dedo extra, a idade da criança e o impacto na função manual.

Nos casos de polidactilia rudimentar, a remoção pode ser simples, especialmente se o dedo extra estiver ligado à mão apenas por uma pequena ponte de pele. Não recomendo o procedimento de amarração,no qual o dedo necrosa e cai, por dois motivos: o primeiro é que isto dói – mesmo a criança pequena não conseguindo explicar sua dor – e pode ficar uma nodulação residual com coto de nervo doloroso. 

Para dedos mais desenvolvidos, a cirurgia é mais complexa e envolve a remoção do dedo, além de possíveis correções ósseas e ligamentares. A idade ideal para realizar o procedimento é entre 1 e 2 anos para o polegar e de 6 meses a 1 ano para outros dedos, ou seja, uma fase anterior a que a criança já está desenvolvendo habilidades motoras finas, permitindo que ela já aprenda a usar a mão que ela terá até a idade adulta.

Recuperação e perspectivas

Após a cirurgia, é comum que a criança use uma tala ou bandagem por algumas semanas para proteger a mão e evitar complicações. Em alguns casos, a fisioterapia pode ser recomendada para auxiliar na recuperação da mobilidade e força.

O prognóstico para crianças com polidactilia que passam pela cirurgia é, em geral, excelente. A maioria recupera completamente a função da mão e leva uma vida normal. No entanto, em alguns casos, pode ser necessário acompanhamento a longo prazo para garantir que a mão se desenvolva de forma adequada.

A polidactilia pode parecer, à primeira vista, um problema apenas estético, mas a presença de dedos extras pode comprometer significativamente a função das mãos, dependendo de sua localização e desenvolvimento. Felizmente, a cirurgia oferece uma solução eficaz na maioria dos casos, permitindo que a criança recupere a funcionalidade e a estética das mãos.

Dr. Rodrigo Paixão – CRM 161746 | TEOT 15.322 | RQE 79113

Referência: Boston Children’s Hospital. Disponível em: https://www.childrenshospital.org/conditions/polydactyly 

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